Seja bem-vindo. Hoje é

quinta-feira, julho 29

Musicoterapia

Quando as notas musicais tratam e curam

Por Nilbe Shlishia

Com a rotina agitada do mundo atual, em que os compromissos com trabalho, faculdade e família parecem ser todos prioridade, a vida do homem tem sido exaustiva. Toda essa agitação vem gerando vários problemas de ordem emocional e física. O fato é que muitas vezes é preciso dar uma parada, mas ninguém quer abrir mão de nada. É aí que a música pode, com grande eficácia, ser uma opção de tratamento para vários problemas.  
A musicoterapia, prática reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), auxilia, através dos sons, ritmos, harmonias e movimentos, no desenvolvimento e aprimoramento de potências e funções físicas e sociais, cognitivas e neurológicas. Dessa forma, trabalha a comunicação, a expressão, a timidez, a coordenação motora.
O envolvimento do ser humano com a música é algo bem antigo. Hoje, essa manifestação artística (ou a prática dela) trata o estresse, a depressão, os distúrbios do sono e da fala e pacientes psicóticos. A musicoterapia vem ganhando espaço e reconhecimento da área médica porque os resultados são surpreendentes.
Já está mais do que comprovado que a música tem efeitos altamente benéficos para a saúde física e mental. Ela acalma, estimula a criatividade e a concentração, além de auxiliar na cura de várias doenças.
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) comprovou que crianças hiperativas conseguem atingir um grau de concentração muito maior se estiverem ouvindo música. O mais interessante, no entanto, é que não se trata de jazz ou bossa-nova, mas de outros ritmos mais acelerados.
Cientistas canadenses provaram que crianças que estudam música desde muito cedo têm desenvolvimento intelectual melhor do que as que não tiveram nenhum contato com ela. Isso porque a música é capaz de mudar a frequência das ondas cerebrais.
Também já foi provado que clássicos de compositores como Bach, Beethoven e Mozart deixam as ondas cerebrais como as de um indivíduo em repouso.
Um dos clássicos mais citados é o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart. A Universidade da Califórnia, em Los Angeles, demonstrou, no início da década de 1990, que a execução da Sonata para Dois Pianos em Ré Maior aumenta o número de conexões dos neurônios e melhora o raciocínio matemático em estudantes.
Técnicas aplicadas
 Segundo Gisele Furusava, musicoterapeuta e psicoterapeuta corporal, além das matérias específicas da área, como musicoterapia aplicada e teoria e técnicas da musicoterapia, em sua formação, o musicoterapeuta estuda: anatomia, neuroanatomia, neurologia, psiquiatria, psicologia, psicopatologia, filosofia, sociologia, expressão corporal, história da arte, história da música, percepção musical, e várias outras. “Entre muitas formas de intervenção, ouvir e cantar músicas são apenas duas das várias técnicas utilizadas pelo musicoterapeuta, que poderá trabalhar com técnicas ativas ou receptivas em musicoterapia”, diz a especialista.
De acordo com ela, as técnicas ativas são aquelas em que tanto o profissional quanto o cliente tocam instrumentos musicais, improvisando, recriando ou compondo canções; já as técnicas receptivas baseiam-se na audição musical. “Embora haja esta separação, dificilmente um processo se desenvolve somente com técnicas ativas ou receptivas”, esclarece a musicoterapeuta.
A profissional explica que a musicoterapia pode ser aplicada como prevenção, reabilitação e tratamento, melhorando fatores como: comunicação verbal e não verbal, memória, atenção e concentração, organização, sociabilização, coordenação rítmica e motora, orientação espaço-temporal, criatividade, respiração, relaxamento, motivação, alívio do estresse e da dor, autoconhecimento, entre outros.
“O hemisfério cerebral esquerdo está envolvido no julgamento para atividades musicais como: duração, ordem temporal, sequenciação e ritmo; e o hemisfério direito relaciona-se com a memória tonal, timbre, reconhecimento melódico e intensidade”, explica.
Gisele, que é autora do livro “Setting Musicoterápico: da caixa de música ao instrumento musical”, revela que o profissional de musicoterapia pode atuar desde a gestação até a terceira idade. “Hoje é cada vez mais comum encontrar profissional compondo o quadro clínico de instituições, clínicas, consultório particular, empresas, comunidades, escolas e pesquisas”, finaliza.
Outra pesquisa, realizada na Escola Paulista de Medicina, diz que uma criança ou um adolescente que se envolve bem cedo com o esporte, a música ou a dramatização, certamente estará mais bem estruturado para enfrentar qualquer problema. Sua “construção” é outra. Essas atividades, além de permitir que o adolescente expresse e exercite formas de valorização perante os outros, são instrumentos que proporcionam que ele se “construa” melhor diante do mundo.

0 comentários: