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quinta-feira, julho 29

Quanto custa a saúde no Brasil?

Planos privados movimentaram mais de R$ 70 bilhões, em 2009, ao mesmo tempo em que o INSS, no vermelho, não deu retorno ao contribuinte

Por Leandro Duarte

A saúde é um problema crônico no Brasil. Os hospitais públicos e os postos de pronto atendimento seguem superlotados e em péssimas condições. Todos os dias, o brasileiro se depara com essa realidade, seja pelo noticiário ou quando é obrigado a recorrer a um médico no sistema público. Para não sofrer na fila de atendimento, grande parte da população se sacrifica para pagar um plano de saúde.
Recentemente, em um programa de tevê, Fausto Pereira dos Santos, ex-presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS), informou que, em 2009, o setor movimentou cerca de 70 bilhões de reais, sem contar as autogestões de empresas como Petrobras e Correios.
A especialista em tributos Sueli Angarita revelou que 45 milhões possuem seguro médico-hospitalar e outros 13 milhões têm planos odontológicos. “Esse percentual representa, aproximadamente, 25% dos brasileiros. Todos nós sabemos que, em grande parte dos casos, esse tipo de assistência médica é custeado por empresas. Entretanto, fica uma pergunta no ar: como fica o povo que não tem condições de custear um plano?”
Ainda de acordo com Sueli, em março do ano passado, a receita líquida do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) girava na casa dos 14 milhões de reais e o total de despesas com a Previdência era de 17 milhões, já excluídos os valores pagos a título de sentenças judiciais e benefícios: “Como se pode perceber, o INSS teve mais despesas do que o total arrecadado no período. É uma tristeza total, porque o trabalhador e as empresas colaboram (e muito) para ter um sistema de saúde digno, mas, infelizmente, estamos falando de um investimento sem retorno”, lamentou.
Segundo a tributarista, mesmo contribuindo com a Previdência, a sociedade necessita se valer de um plano de saúde particular ou mesmo de uma previdência privada para garantir seu bem-estar durante toda a vida. Em compensação, poucos sabem que aposentados que estejam há 10 anos ou mais vinculados a um seguro saúde mantido pela empresa têm cobertura vitalícia. Além disso, segundo o Estatuto do Idoso de 2003, o reajuste do plano não pode ser feito com base na idade.
O aposentado Joseph Chiarelli, de 66 anos, é um dos vários brasileiros que faz “mágica” para ter acesso à assistência médica privada. Com o que recebe do Governo (cerca de R$ 1.200,00), seria impossível pagar o seu plano e o da esposa (R$ 500 cada), de 61 anos. “Se não fossem pelos ‘bicos’ (trabalhos temporários) que eu faço todo mês e a ajuda dos meus filhos, teríamos que sofrer em um hospital público quando fosse necessário”, contou.

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